sábado, 5 de setembro de 2015

Conversa de mercadinho ou de rua


                             


Era uma dia de sábado e eu tinha um compromisso muito sério e com hora marcada  com um grupo de amigos , mas ainda era relativamente  muito cedo . O sol brilhava e a temperatura estava agradável. Caminhei lentamente a estrada que separa a minha casa do mercadinho DO GORDO, que não fica longe e, chegando lá, como de praxe ,os cumprimentos e  as brincadeiras de sempre. O gordo havia cortado os cabelos num estilo muito elegante, pois ele é vaidoso e gosta, demais de , parecer bonito e cheiroso. Simpático , até que ele é ,  porque todo gordinho é boa gente  e, como sempre, sorridente e dizendo umas e outras,  ia levando o seu negócio. Mas , como sempre, criticou a minha barba mal feita. Na verdade, já era uma barba de dois dias e eu tenho mesmo problemas com os pelos do rosto. Não consigo, ultimamente, encontrar um aparelho, apesar dos “ últimos lançamentos milionários “ ,que fizeram encarecer a barba de todos os dias ,  que me faça uma barba satisfatória. Provavelmente por ter uma barba rala, as lâminas, apesar da modernidade, não pegam todos os fios e o resultado e uma barba mal feita , motivo para o Gordo zombar de mim. Mas não ligo. Afinal, não tenho a vaidade, como ele , de querer parecer bonito. Eu sou eu ele é ele  e pronto !
A entrada do mercadinho é um pouco acanhada,  porque no mesmo espaço estão uma lanchonete, duas geladeiras e o balcão do caixa onde o Gordo se instala e fica, aí sim, parecendo um rei... o rei do gelo ! Depois o espaço se amplia.
Éramos diversas pessoas e estávamos numa conversa em que se misturavam diversos assuntos. Falava-se de pobreza , quando eu disse: não se incomodem,  porque a Dilma vai deixar todo mundo pobre ,  com esse tal de ajuste fiscal que dá origem ao aumento ou criação de novos impostos. Uma voz atrás de mim,  disse: Não, eu amo a Dilma , não falem assim, pois tudo o que eu tenho devo a ela,  e completou : não tenho mais nada . Risadas em geral. Viram como é divertido você ir até o mercadinho comprar meia dúzia de bananas para o consumo do dia ? OU mesmo até a padaria ? Sempre encontra alguém espirituoso. Pois é . Nestes momentos, você sempre sente o calor do povo e, de quebra , ouve uma piadinha que, no caso não seria uma piada. É fato que causa as consequências que estamos começando a sofrer na carne, mas com o espírito brasileiro de levar tudo na gozação, por mais arrochado que esteja. Uma loirinha gelada ameniza qualquer situação !


Sarnelli, 05/09/15
Rio Vermelho, Salvador / Ba.


2 comentários:

Bia Lemos disse...

Meu querido amigo!
Esta crônica está bem ao nosso gosto - pois fala de pessoas reais, de episódios reais, sem a atual chatice do "politicamente correto". De fato, mostra o que as pessoas sentem,pensam e vivenciam!
Quando fores ao Mercadinho do Gordo,faz lá alguma comprinha em meu nome, troca umas palavrinhas com ele por mim, para que eu me sinta ainda mais "baiana de alma".
Obrigada por esta crônica especial!

Grande abraço!
Bia

Cristiano Teixeira disse...

Realmente, o mercadinho do Gordo é um ponto de discussões acaloradas sobre tudo. Infelizmente a crise está tão grande que ele não vende mais fiado. Só mesmo fazendo piada de nossas desgraças para poder enfrentá-las no dia a dia.